IMC: Essa Métrica Pode Não Ser a Melhor Indicadora de Saúde

O Índice de Massa Corporal (IMC) é uma medida amplamente utilizada para avaliar se uma pessoa está em um peso saudável. Mas, apesar de sua popularidade, o IMC pode ser uma métrica enganosa e não tão eficaz para todos. 

A Origem do IMC

O IMC foi desenvolvido no século XIX pelo matemático e estatístico belga Adolphe Quetelet, como parte de sua pesquisa em “física social”. Quetelet criou o IMC para estudar a distribuição de peso em grandes populações, não como uma ferramenta de diagnóstico individual. Ele calculou o IMC dividindo o peso de uma pessoa (em quilogramas) pela sua altura (em metros) ao quadrado.

A fórmula é simples e fácil de aplicar, o que ajudou a popularizá-la como uma ferramenta de triagem rápida e equivocada.

Por Que o IMC Pode Não Ser uma Boa Métrica

Embora o IMC seja útil para identificar tendências de obesidade em grandes populações, ele tem várias limitações quando aplicado a indivíduos. Aqui estão algumas razões pelas quais o IMC pode não ser uma métrica 100% confiável:

  1. Não Diferencia Massa Muscular de Gordura Corporal:
    • O IMC não distingue entre peso de gordura e peso de músculo. Por exemplo, um fisiculturista pode ter um IMC elevado devido à sua massa muscular, mas isso não significa que ele esteja acima do peso ou em risco de problemas de saúde relacionados à obesidade.
  2. Não Considera a Densidade Óssea:
    • Pessoas com ossos mais densos e pesados podem ter um IMC maior sem necessariamente ter uma quantidade excessiva de gordura corporal.
  3. Fatores de Distribuição de Gordura:
    • O IMC não leva em conta onde a gordura está distribuída no corpo. Estudos mostram que a gordura visceral (ao redor dos órgãos) é mais perigosa do que a gordura subcutânea (sob a pele), mas o IMC não pode diferenciar entre essas distribuições.

Exemplos de Uso Equivocado

  • Atletas Musculosos:
    • Um atleta como um jogador de rugby ou um levantador de peso pode ser considerado “obeso” pelo IMC devido à sua alta massa muscular, apesar de ter pouca gordura corporal e estar em excelente condição física.
  • Pessoas com Ossos Pesados:
    • Indivíduos com maior densidade óssea podem ter um IMC mais alto, embora não estejam acima do peso ou sejam menos saudáveis do que alguém com ossos menos densos.
  • Idosos:
    • Nos idosos, a perda de massa muscular e a mudança na distribuição de gordura podem fazer com que o IMC subestime o nível de gordura corporal e os riscos à saúde.

 

O uso indiscriminado do IMC como único indicador de saúde pode levar a diagnósticos errados e tratamentos inadequados. Por exemplo, algumas políticas de saúde e seguros utilizam o IMC para determinar a cobertura e os custos, o que pode penalizar indivíduos saudáveis com IMCs elevados devido a sua musculatura.

Para uma mulher de 1,60 m, a meta de alcançar um peso entre 47,4 kg a 63,7 kg para se enquadrar no IMC considerado saudável pode parecer um objetivo razoável à primeira vista. 

Mas pensa bem, a pressão para atingir o limite inferior desse peso pode ser extremamente prejudicial. Esforçar-se para pesar apenas 47,4 kg, especialmente quando a composição corporal, a densidade óssea e a massa muscular não são levadas em conta, pode levar a transtornos alimentares, como anorexia ou bulimia, e a distúrbios de imagem corporal. 

A busca incessante por um IMC “ideal” pode resultar em dietas extremas, exercícios excessivos que já escrevi um artigo sobre vigorexia e uma relação negativa com a comida e o próprio corpo, comprometendo a saúde mental e física. Entender que saúde e bem-estar vão além de uma única métrica, e que cada indivíduo deve buscar um equilíbrio que promova a verdadeira saúde integral.

Enquanto o IMC pode ser uma ferramenta útil para avaliar tendências de peso em grandes populações, ele não deve ser a única métrica utilizada para avaliar a saúde individual. Outras medidas, como a circunferência da cintura, a porcentagem de gordura corporal e a composição corporal, devem ser consideradas para uma avaliação mais completa e precisa.

Para aqueles que se preocupam com sua saúde e condicionamento físico, é importante olhar além do IMC e considerar uma abordagem mais holística e personalizada para a saúde. Acompanhe o meu blog para mais dicas e informações sobre como manter um estilo de vida saudável e equilibrado.

 

INFORMAÇÕES

Milu Leão

Natural Chef especializada em gastronomia funcional.

Pós graduada em Neurociências, Psicologia Positiva e Mindfulness.

Graduada e pós-graduada em turismo e hotelaria.

Atuou como docente em cursos livres no SENAC PR e em Universidades.

Fundadora do Instituto COMIDA DE VERDADE, onde desenvolve um trabalho como coach e mentora, ensinando como a alimentação saudável pode ser um ato de autocuidado.